06 abril 2017

(Des)venturas de viajante "azorairliano"

A coisa conta-se em poucas palavras e muita irritação.

Um cidadão residente nos Açores compra um bilhete à Azores Airlines, detida em 100% por capitais públicos - logo, paga (no seu crónico défice) pelos contribuintes -, e desembolsa mais de 600 euros para se deslocar entre Ponta Delgada e Lisboa.

Para os mesmos dias, com bagagem incluída, na mesma companhia, um bilhete de Ponta Delgada para Barcelona custa 403 euros, sendo mistério a razão da discrepância no preço (bla, bla, voo mais longo… custos menores…) e da existência de uma rota para aquela cidade.   

Alguns saberão, outros imaginarão ou conjecturarão a razão dos preços exorbitantes e das rotas que, de quando em vez, se vão engendrando, no denominado serviço público. Nisso, o cidadão é ígnaro.

Tal não obsta, porém, a que pareça, mais ou menos obviamente, que a política de preços da SATA, perdão, da Azores Airlines, esteja relacionada com o serviço público mas não seja serviço público, mesmo quando apresenta tarifas mais baixas, com uma lista impiedosa de restrições.

Já quanto às rotas, que vão mudando ao sabor dos tempos e vontades, nunca se ouviu uma explicação razoável, pelo que mais não se explicam do que pelos dinheiros que as sustentam serem os dos contribuintes.

Mas, não divaguemos, retomemos. Compra o cidadão o dito bilhete e verifica que é um voo partilhado com a TAP (“code-share”, como os doutos gostam de dizer). Tudo bem. Os 600 e picos euros desembolsados cobrem qualquer eventualidade, terá, ingenuamente, pensado. E faz o “check-in” (mais uma para doutos) e altera o lugar. Hélas! Pumba! Qual voo partilhado, qual quê. Mudar de lugar? Que topete! Os luxos, pagam-se. Dá cá 10 euros (irreversíveis) à TAP, porque sim (mesmo que a forma como a irreversibilidade é apresentada seja legalmente questionável).

Telefonema para o Satanico “call center” (doutos, doutos) e, como se esperava, vem o bíblico Pilatos. [Nada temos a ver com o que a outra companhia faz; até avisamos quanto à bagagem]. Mas e as mudanças de lugar? [Isso não, é com a outra companhia aérea]. Mas não acham que deveriam informar os vossos clientes? [Não, até avisamos quanto às bagagens e bla, bla, bla…] - atencioso, diga-se, perante a furiosa irritação -. Mas, os vossos clientes, que não têm culpa do “code-share” (douto), não deveriam ter exactamente os mesmos direitos que teriam se viajassem na Azores Airlines? [Hã?! Hum!…… nós até avisamos da bagagem….] E, já agora, cobram a alteração de lugar aos passageiros da outra companhia aérea quando viajam na Azores Airlines? [Não]. Não?! Não há algum acordo de reciprocidade que proteja os passageiros da Azores Airlines?! [Ah, bla, bla,.. até avisamos da bagagem…] Sugere-se que, além da bagagem, o departamento jurídico inclua os lugares. [aaa… nós aqui podemos fazer a sugestão]. Então, façam-na e acrescentem, também, que não é serviço público ir para Barcelona, sobretudo quando há que responder às necessidades primárias dos Açorianos.

Eis-nos, simples mortais, perante os meandros da gestão dos dinheiros dos contribuintes, da clareza informativa a estes conferida e do acautelamento dos fiéis clientes.

Pensar a(s) SATA(s) ou repensar o serviço público por ela(s) prestado?!  

Ao que nos é dado ver, aparentemente, para Santana tudo está bem. Afinal, o cidadão até é reembolsado…

Quanto aos 10 euros? 
Pagos. 
Sem reembolso, pois claro. 
O cidadão tem de viajar. 




Adenda: Além do supra e das ligações coloridas ali constantes, tanto se escreveu sobre a SATA neste blogue: um, dois, três e outros. Em certos aspectos, as questões permanecem actuais.    

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