22 maio 2006

McNamara: Herói ou vilão?

Robert S. McNamara, nasceu em San Francisco em 1916, no seio de uma família de classe média/baixa. Após uma carreira académica brilhante, tornou-se o Professor Assistente mais bem pago de Harvard. Daí foi chamado para Força Aérea Americana pelo, então Coronel Curtis LeMay em 1943. Devia analisar porque razão tantas missões de bombardeamento dos Aliados eram abortadas, antes de chegarem ao destino. A razão era o medo que os pilotos tinham de serem abatidos. Conjuntamente com LeMay, aumentou, exponencialmente, o êxito dessas missões, sob a ameaça de os pilotos que abortassem, sem razão para isso, irem a Tribunal de Guerra. É nesta altura que planeia os bombardeamentos, com aramas convencionais, às principais cidades japonesas, ele próprio estima que destruiu cerca de 52% daquelas cidades. É neste contexto que diz que se os aliados não tivessem ganho a guerra seria julgado e condenado por crimes de guerra.

Quando acabou a guerra pensou em retomar a sua actividade de professor em Harvard, mas é convidado a ser Presidente do Conselho de Administração da Ford Motor Co.. Aceitou e tornou-se o primeiro não membro da família Ford a ocupar tal cargo.

Jonh Kennedy é eleito Presidente dos E.U.A e a sua primeira escolha para Secretário de Defesa é Robert Lovett, este recusa, mas propõe McNamara. A escolha entre uma carreira de gestor de uma grande empresa, com um excelente ordenado e a posição de Secretário de Defesa, que não paga tanto, mas que tem um prestígio interno e externo importante, é difícil. McNamara escolhe o serviço à sua nação, porque, segundo o próprio, acreditava no projecto de Kennedy.

A sua carreira na posição de Secretário de Defesa é marcada pela Guerra Fria e neste contexto tem que negociar inúmeras crises, sendo as mais importantes a Crise dos Mísseis de Cuba e a Guerra do Vietnam. O plano de Kennedy para o Vietnam passava por uma pequena intervenção, nada que se comparasse com o que veio a acontecer. A prova disso são os registos magnéticos das conversas na Casa Branca, que estão disponíveis por essa Internet fora. Nessas gravações pode-se comprovar que McNamara apoiava o projecto do Presidente. As gravações mostram também que após algum tempo, ninguém compreendia bem aquela situação no Sudoeste asiático. Outra conversa gravada prova que Kennedy pretendia retirar, na altura em que foi assassinado.

Com a morte se Kennedy, Lyndon Johnson torna-se Presidente dos EUA e a sua política em relação ao Vietnam é diferente, ele não quer retirar, mas sim mandar mais soldados. McNamara, devendo fidelidade ao seu Presidente, leva a cabo todas as ordens, no entanto não está de acordo com a nova política. No marasmo e desorientação dos EUA, em relação àquela guerra, muitas acções são levadas a cabo que ficarão sempre ligadas a McNamara como o uso do Agente Laranja e as acções de “search and destroy”. O facto da guerra estar a ser transmitida, praticamente em directo, pelas televisões americanas coloca-o numa posição de enorme pressão. As manifestações contra a guerra tinham sempre como principal alvo McNamara. O ponto que mais o marcou e que, eventualmente, o levou a pedir a sua demissão do cargo, foi quando um homem se incendiou, com a filha ao colo, à porta do seu gabinete, como forma de manifestação contra a guerra. A filha sobreviveu.

McNamara deixou o cargo de Secretário de Defesa e assumiu a posição de Presidente do Banco Mundial. Durante o resto da sua vida política lutou por questões como a fome e a pobreza.

McNamara está ligado a ataques que tiveram consequências dramáticas para as populações civis. Ele próprio afirma que os ataques a Hiroxima e Nagasaki, diminuíram a percepção do resto mundo em relação à gravidade dos ataques às restantes cidades japonesas, com armas convencionais. Foi ele, a mando de Johnson, que ordenou o envio de, cerca de 500.000 homens, para o Vietnam.

Muito mais podia ser dito sobre McNamara, mas a questão que pretendo levantar é a seguinte: com que imagem ficou o mundo deste homem? Levanto esta questão, porque a minha percepção sobre McNamara mudou depois de ver o documentário “The Fog of War: Eleven Lessons from the Life of Robert S. McNamara” que recomendo vivamente.

1 comentário:

Anónimo disse...

HERO!!!!